segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Doença Celíaca


A Doença Celíaca trata-se de um distúrbio alimentar como citado no post anterior "O que é o Glúten", é uma intolerância permanente ao glúten.

É caracterizada por atrofia total ou subtotal da mucosa do intestino delgado proximal e conseqüente má absorção de alimentos, ou seja, nutrientes, sais minerais e vitaminas, o que determina certos sinais e sintomas.

Nas Crianças
A doença pode aparecer , nos primeiros anos de vida com diarréia crônica, vômitos, irritabilidade, anorexia, déficit de crescimento, distensão abdominal, diminuição do tecido celular subcutâneo e atrofia da musculatura glútea.
Ou manifesta-se mais tardiamente. podem apresentar manifestações isoladas, como por exemplo anemia por deficiência de ferro refratária à ferroterapia oral, hipoplasia do esmalte dentário, constipação intestinal, osteoporose, esterilidade, artralgia ou artrite e epilepsia associada a calcificação intracraniana.

Nos Adultos
Se assemelha vista com a das crianças.  O quadro clássico inclui diarréia, esteatorréia, flatulência, perda de peso e astenia. O sintoma predominante é a diarréia, com fezes pálidas, de odor fétido, algumas vezes com uma aparência gordurosa e tendência a flutuar na água. O paciente celíaco é, com frequência, anorético e quando se alimenta, sente-se nauseado. O vômito também pode estar presente na fase aguda da doença. A  hipótese de doença celíaca também pode ser cogitada em casos de pacientes com deficiência de ferro e/ou folato, osteopenia inexplicada e úlceras orais recorrentes. Em mulheres, menarcas tardias, abortos espontâneos repetidos, problemas de infertilidade ou anemia considerável durante a gestação, alertam para o diagnóstico da doença celíaca.
Os pacientes celíacos com diagnóstico da doença na vida adulta têm, geralmente, uma história de problemas na infância compatíveis com a doença celíaca.

Nos Idosos
A doença celíaca pode apresentar-se sob a forma de queixas inespecíficas, particularmente anemia inexplicada. As únicas diferenças nesta idade são representadas por um aumento da incidência da doença no sexo masculino e uma redução na relação mulher/homem e pela maior frequência de linfoma do intestino delgado.





Doenças associadas

Deficiência de IgA - a deficiência seletiva de imunoglobulina A está associada à doença celíaca e, neste grupo, tem maior prevalência do que na população geral. A prevalência da deficiência de IgA na população geral se estende de 1:300 (0,2%) a 1:700 (0,14%). Entretanto, em pacientes com doença celíaca ela é 2,6%. Num estudo italiano multicêntrico com 2.098 pacientes celíacos, 2,6% tinham deficiência seletiva de IgA, representando um risco 10 a 16 vezes maior do que o da população geral. Estes pacientes tiveram maior frequência da forma latente da doença (13%), de infecções recorrentes (29,6%) e de doenças atópicas (13%), quando comparados com os pacientes sem deficiência seletiva de IgA.

Diabetes mellitus tipo I - a doença celíaca ocorre com frequência maior que a esperada quando associada com o diabetes tipo I. Na Europa, a prevalência da doença celíaca em diabéticos tipo I, tanto em crianças como em adultos, estende-se de 1% a 7,8%, bem maior que a de 0,02% na população norte-americana em geral. Outro estudo norte-americano, com o objetivo de determinar a frequência da doença celíaca em pacientes com diabetes mellitus insulino-dependente, demonstrou que a positividade dos auto-anticorpos foi maior neste grupo e não se correlacionou com a presença de complicações do diabetes, idade, sexo ou duração da doença, sugerindo que a doença celíaca seja mais comum em pacientes com diabetes mellitus insulino-dependente do que se pensava previamente. Alguns estudos também têm demonstrado que os pacientes celíacos com diabetes tipo I tratados com dieta sem glúten têm melhor controle do diabetes.

Doenças auto-imunes da tireóide - existe associação entre a doença celíaca e as doenças auto-imunes em geral. Isto pode ser explicado pelo complexo de histocompatibilidade maior (HLA-MHC). Estudos sobre a prevalência de disfunção e auto-imunidade da tireóide na doença celíaca têm revelado alta prevalência de auto-imunidade na população estudada, especialmente naqueles com genótipo DQB10502. Na doença de Graves ativa e esteatorréia associada, houve reversão desta última com dieta sem glúten em 46% dos pacientes. Entretanto, a esteatorréia nestes pacientes não estava ligada à perda de peso ou à disfunção pancreática exócrina.

Colite colágena e colite linfocítica - alguns pesquisadores têm considerado estas formas de colite como variantes raras da doença celíaca, ou seja, aquelas associadas à má resposta à restrição do glúten e a um prognóstico mais desfavorável. Colite linfocítica foi descrita em quatro pacientes de um grupo de 21 com doença celíaca. Nenhum demonstrou evidência de depósito de colágeno na biópsia colônica. No entanto, vários relatos de casos associam atrofia de vilosidades do intestino delgado sem depósio de colágeno com colite colágena. Semelhantemente, foram descritos casos de excreção de gordura fecal e teste respiratório anormal com glicocolato de sal biliar marcado com 14C em pacientes com colite colágena, sugerindo a presença de má absorção, mas sem comprovação por biópsias do intestino delgado.

Doenças hepáticas - a doença celíaca tem sido reconhecida como causa de patologias hepáticas crônicas. Em um relato, três pacientes gravemente doentes se apresentavam com evidência clínica e laboratorial de doença hepática, sem evidência de hepatite viral. Em um estudo, foram analisados soros de 327 pacientes com hepatopatia criptogênica para anticorpos antigliadina (IgA e IgG). Os anticorpos foram detectados em 19 pacientes. Dez destes pacientes tiveram biópsias e o diagnóstico de doença celíaca foi confirmado em cinco. Os autores sugeriram que a doença celíaca fosse considerada em casos de doença hepática crônica criptogênica. Também há relatos de doença celíaca associada à cirrose biliar primária (CBP). A prevalência relativa de CBP em pacientes com doença celíaca é de 3% e a de doença celíaca na CBP é de 6%.

Síndrome de Down - a associação entre doença celíaca e síndrome de Down está bem estabelecida. Os primeiros estudos foram relatos de casos que descreveram a coexistência das duas condições em poucos pacientes. Vários trabalhos têm descrito prevalência aumentada da doença celíaca na síndrome de Down, correspondendo 20 a 100 vezes mais que em crianças sem a síndrome.

Dermatite herpetiforme - a apresentação inicial da doença celíaca em pacientes entre 20 e 30 anos pode ser a dermatite herpetiforme. Biópsias do intestino delgado em pacientes com dermatite herpetiforme revelam aspectos idênticos àqueles encontrados em pacientes com doença celíaca. Em estudo de 212 pacientes com dermatite herpetiforme que foram tratados por um período acima de 25 anos com dieta sem glúten, vários benefícios foram encontrados, como a suspensão ou redução da medicação, além de resolução histológica da enteropatia e sensação de bem-estar após o início da dieta.
Att
Regina Reis



Material de consulta: 


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